Sabendo que eu tenho este site sobre drogas, minha irmã que vive em Barcelona me passou este folheto sobre o consumo responsável de bebidas alcoólicas. Ele foi criado pela Associació Benestar i Desenvolupament, uma organização não governamental e sem fins lucrativos da Espanha. O folheto é bem colorido e com várias ilustrações e textos curtos com dicas para um uso seguro. Por exemplo:
Qual é o seu plano?
Se for beber, pense no que tem que fazer depois ou no dia seguinte,, e tenha em conta que pode estar de ressaca.
Se não for beber, mantenha sua decisão ao longo da noite.
Marque limites de horário, de dinheiro… cumprir-los evita que se comprometa demais.
Tenha bem resolvido se vai dirigir, ou quem é que vai ficar responsável pelo carro esta noite.
Se não está de carro, busque alternativas antes de se encontrar em um apuro (transporte público, a pé…)
Em jantares e comemorações
As misturas de graduação e tipos de álcool só farão que seu estômago se ressinta e que fique pior no dia seguinte.
Não esqueça: se não quer, não tem porque beber.
Se for beber, o faça com o estômago cheio. Assim as paredes do estômago se irritam menos e não sobe tão depressa pra cabeça.
Nessas ocasiões geralmente se começa a beber antes, então tenha em conta se queira que a noite seja longa.
Controle o seu consumo
No pub, bar, boteco, ou antes da boate, são comuns os jogos e competições de habilidade com as bebidas (virar a bebida, beer pong, etc). Tenha em conta as quantidades que se bebem nestes jogos pois é mais fácil passar da conta.
Truques de propaganda
Seja crítico e reflexivo com relação à publicidade.
Se beber, o faça devagar. Bebendo muito e em pouco tempo, saturamos a capacidade do corpo de assimilar a bebida e nos arriscamos a passar mal.
Evite o garrafão. Os efeitos do álcool dependem da quantidade e da qualidade. A adulteração de bebidas alcoólicas e os destilados de baixa qualidade provocam mal estar e ressaca maior. Seja seletivo, e ninguém gosta que comprar gato por lebre.
Se é daqueles mais fracos pra bebida, pode pular algumas rodadas, escolher bebidas de baixa graduação, ou alternar bebidas alcoólicas com não alcoólicas.
Exaltação da amizade
O álcool pode te deixar mais solto, mais atirado, e provocar euforia… não é que potencie a simpatia, mas que ele atua como um dissolvedor momentâneo das repressões, autocríticas e do autocontrole. Em uma palavra: pode desinibir.
Quanto exageramos
Se continua bebendo, podem aparecer amostras de agressividade, desorientação, mudanças exageradas de humor, estado de sonolência e vômitos…
Em algumas pessoas, o álcool pode produzir irritabilidade, agressividade e isso pode desembocar em brigas. Se você é desses, pergunte a si mesmo se você vai sair pra se divertir ou pra acabar com a festa dos outros.
Existem atitudes perante a bebida que podem levá-lo a nocaute. Pode ser que elas machuquem também seus amigos e acabe também com a festa deles, prejudiquem a noite (se tiverem que cuidar de você, te acompanhar…).
Se nota que aguenta mais, é sinal que seu corpo está se acostumando. Não ache que isso é motivo para orgulho, pois quanto mais bebe, mais necessita.
O flerte
A bebida pode aumentar o desejo sexual ou facilitar uma relação com algum desconhecido. Respeite as decisões dos demais: é possível que haja arrependimentos ou que intimide a outra pessoa.
Beber muito pode dificultar as relações sexuais (problemas de ereção, sonolência…).
Quando bebemos ficamos menos conscientes dos riscos (gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, HIV), e podemos dar menos importância à camisinha.
“Use camisinha, aproveite antes, durante e depois”.
Respeite as decisões dos outros
Se alguns não bebem, respeite suas decisões (em especial as de quem está dirigindo). Da mesma maneira, não se deixe ser influenciado também.
Quando não se deve beber
Mulheres grávidas (ou que achem que possam estar). Se bebe, o feto recebe a mesma proporção de álcool que a mãe, o que passa por meio da placenta e do cordão umbilical ao sangue fetal. O feto é especialmente sensível à ação dessa substância tóxica que pode produzir malformações físicas e psíquicas.
Cuidado se toma certos medicamentos (antibióticos, soníferos, ou antidepressivos). Misturar os medicamentos com álcool pode aumentar perigosamente alguns dos efeitos e afetar o tratamento.
Quem está dirigindo.
Quando não te apetece, quando não quer.
Quando está trabalhando ou estudando.
Se vai dirigir
O álcool produz uma falsa sensação de segurança. Bebendo, sua capacidade de conduzir fica afetada. A sua cabeça pensa que pode dirigir, mas seu corpo na realidade não responde da mesma forma (os reflexos, as distâncias, a velocidade e os riscos).
Com qual quantidade de álcool deve dirigir? No Brasil se adota a tolerância zero, portanto “seguro e sábio mesmo é só dirigir se não bebeu!”
Se bebeu e está de carro, existem alternativas para evitar problemas (táxi, transporte público, passar a chave para alguém que não bebeu, dormir no carro…).
O coma alcoólico
É uma intoxicação aguda com perda de consciência.
O que fazer? Colocar a pessoa em uma posição segura (deitada de lado para evitar que ela engasgue no seu próprio vômito).
Verificar que os sinais vitais da pessoa se mantêm (respiração e pulso). Se estão irregulares deve levar a pessoa para atendimento médico de urgência (telefone 192).
Conselhos para a ressaca
A única forma de acabar com uma ressaca é descansando. O corpo necessita de tempo para limpar o sangue e metabolizar o álcool.
Uma ducha fria ou um café podem aliviar os sintomas mas não eliminarão a ressaca.
Beber bastante líquido. O álcool atua como um diurético produzindo um desequilíbrio no nível de líquidos no corpo. A sede que sentimos depois de uma bebedeira é um sinal de aviso para repor o nível dos líquidos perdidos.
Passe pelo menos 72 horas (3 dias) sem beber depois de uma bebedeira. Um período de abstinência é a melhor forma de recuperar o organismo.
Amnésia e arrependimentos posteriores
É possível que não se lembre do que tenha feito durante a noite, ou que se arrependa do que aconteceu.
Se houve relação sexual sem preservativo, procure um centro especializado tipo uma clínica de saúde sexual.
Para saber mais
Aceitamos álcool como droga? A maioria dos países ocidentais são bastante permissivos com o consumo de álcool, o que pode explicar as fortes resistências para admitir os problemas do consumo e as dificuldades para diferenciar o consumo social de um consumo de risco.
O álcool é a droga mais usada no ocidente, há milhares de anos. Mesmo que seja legal e socialmente aceita, ela modifica a conduta, o juízo, a percepção e o estado de ânimo. Tem um grande poder de adicção, traz riscos de saúde graves (cérebro, fígado, estômago, coração…), problemas sociais, de relacionamento ou agressividade.
Eles bebem, nós bebemos… normal
Esta normalidade tem um limite impreciso que, cada vez mais, desemboca em surpresas desagradáveis. Às vezes, sem darmos conta, podemos ficar dependentes do álcool mesmo que não se identifique com a imagem do bêbado ou marginal. O consumo excessivo de álcool durante os fins de semana é também uma forma de alcoolismo, como o de beber diariamente. (Aquele que não consegue sair pra uma festa sem ficar bêbado é também dependente desta droga).
O que significa ser dependente de álcool?
Podemos dizer que uma pessoa está dependente de álcool quando é incapaz de não beber, mesmo que seja por longo tempo. A enfermidade alcoólica não se define necessariamente pelo tempo que faz que bebe, nem pelo lugar onde bebe, nem tampouco pela quantidade que bebe, mas sim pela importância que o álcool adquiriu na sua vida, afetando o seu comportamento, as relações com os demais, o trabalho e as finanças.

O folheto completo em espanhol pode ser acessado pelo link Etica Etilica.